Conheça a história de alguns estudantes que conquistaram medalhas para o Estado
- Gabriela Barros e Isabelle Maciel
- 14 de out. de 2020
- 4 min de leitura
Estudantes do Ceará relatam suas experiências em eventos olímpicos e o preparo necessário para a conquista de medalhas.
por Gabriela Barros e Isabelle Maciel

Legenda: Bismark Mesquita do Nascimento é o primeiro aluno do ensino público cearense que chega a etapa latina da Olimpíada de Astronomia e Astronáutica. Fonte: Arquivo Pessoal.
Ao longo dos anos os estudantes do Ceará acumularam aprovações em olimpíadas e grandes vestibulares nacionais e internacionais. Para entender melhor o processo de preparação das olimpíadas e a experiências vividas, conversamos com Bismark Mesquita do Nascimento, 18, e Marcos Foloni, 20, estudantes do Estado que participaram de eventos acadêmicos e garantiram medalhas.
Destaque na Olimpíada de Astronomia e Astronáutica
Bismark Mesquita do Nascimento, 18, aluno da Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, localizada em Fortaleza, é pesquisador da Academia Cearense de Matemática e o primeiro aluno do ensino médio público cearense que chega a etapa latina da Olimpíada de Astronomia e Astronáutica.
O estudante já havia sido medalha de prata na vigésima primeira edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) e ganhado um prêmio literário. A fim de se preparar para a edição deste ano, Bismark Mesquita participou da capacitação ofertada pelo Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC), em que recebeu auxílio, desde aulas teóricas com a participação de alunos de olimpíadas passadas até visitas ao planetário. Além de contar com o apoio de muitos amigos e professores do E.E.M. Gov. Adauto Bezerra e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE).
O processo foi longo e permeado por etapas difíceis, porém essenciais. “Foi um longo processo, durou mais de um ano. A seleção dos alunos para participar das olimpíadas internacionais começa em um ano e só termina no outro, vamos passando por várias fases seletivas.”, comentou o estudante.
O rapaz afirma que sempre teve uma inclinação ao estudo de matérias exatas e descreve com carinho seu primeiro contato com a OBA: “Meu primeiro contato com os estudos para a olimpíada ocorreu no IFCE, onde havia um preparatório para a OBA lecionado pelo Paulo Otávio, membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Astronomia e Cosmologia (GEPAC).” Também é membro oficial do Grupo de Astronomia Adauto Bezerra (GAAB). Em que realiza tarefas cotidianas voltadas para a olimpíada e atividades complementares como observações no observatório da Seara Da Ciência e visitas ao planetário.
O aluno destacou-se desde o início da preparação, sendo chamado inúmeras vezes para competir por escolas particulares. Porém, a sua principal motivação para o esforço dessa rotina intensa de estudos é levar o nome do ensino público para esses espaços competitivos.
“Eu defendo o ensino público. Muitas pessoas não têm condições financeiras de estudar em escolas caras, que oferecem um acompanhamento intenso no desenvolvimento acadêmico dos alunos. Muitos alunos de escolas públicas têm total capacidade de conquistar lugar nos espaços científicos, mas poucas vezes são bem instruídos para isso, então precisamos dar todo o apoio possível para esses estudantes. O conhecimento e as oportunidades precisam ser acessíveis a todos, independente de escola ou região. Espero poder contribuir para o desenvolvimento do ensino nas escolas públicas.”
Ele relembrou afetuosamente o apoio especial do professor Ednardo Rodrigues que o apoio em todos os aspectos e defendeu sua causa de chegar no campeonato latino-americano. O aluno contou alguns detalhes das suas principais memórias da competição em si: “Minhas principais memórias são ao longo dos estudos do processo seletivo. Sempre foi bastante divertido estudar astronomia e compartilhar desse interesse com várias outras pessoas. Tenho memórias marcantes da viagem que fizemos para Barra do Piraí, para a primeira fase presencial do processo seletivo. Lá é onde fica mais evidente o sentimento de cooperação que temos na olimpíada, os alunos se juntam para estudar juntos e se ajudam no que podem.”
Primeiro lugar no ITA
Marcos Foloni, 20, é natural do Paraná e criado desde criança no Ceará. O jovem estudante estudou até o nono ano no ensino público no município de Sobral e concluiu o ensino médio na escola particular Farias Brito, como bolsista. Ele conquistou medalhas em olimpíadas ao longo de sua formação e o primeiro lugar no vestibular em vagas privativas e militares do Instituto Tecnológico de Aeronáutica em 2019.
Sua experiência com olimpíadas começou no sexto ano do ensino fundamental quando estudava em escola pública. O estudante afirma que teve sorte de encontrar professores que o incentivaram e que se esforçaram ao máximo para fornecer uma boa preparação em meio às adversidades.
O período preparatório para as olímpiadas envolveram aulas extracurriculares e aplicações de provas e listas de exercícios para treino semanalmente, além de grupos de estudos para as aulas extras.
“Com toda certeza minhas melhores lembranças são dos momentos pós-prova com meus professores, das viagens que fiz para o Rio por conta das medalhas de ouro e da seleção para a internacional de Astronomia”, afirma o estudante, relembrando as melhores memórias ligadas a sua participação em eventos acadêmicos.
Hoje, o jovem mora em São José dos Campos (SP), cursando Engenharia Mecânica-Aeronáutica no Instituto de Tecnologia e Aeronáutica. O seu preparo para o ITA e o IME ocorreu em Fortaleza, em instituição particular, depois que concluiu o ensino médio em Sobral.
A diferença entre o ensino público e particular em relação aos vestibulares é imensa, conforme o entrevistado. “As diferenças no que diz respeito à vestibulares é imensa, a estrutura de colégios particulares já adentra o aluno com matérias do vestibular desde o fundamental, e isso já o faz chegar no ensino médio com uma boa base para compreender melhor os conteúdos e realizar uma boa prova, diferente da grade curricular do ensino público”. Em questão do ensino voltado para as olímpiadas, o estudante vê bastante semelhanças no conteúdo apresentado em ambas as instituições, “a única diferença foi no nível, mas era o esperado pois na pública eu estava no fundamental e na rede privada no ensino médio”, afirma Marcos Foloni.
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